Quando se fala em estudar Fotografia através do Cinema, muitos já torcem o nariz pensando que precisarão assistir a algum clássico com três horas de duração. O objetivo desse artigo foi reunir alguns títulos mais contemporâneos que também possuem visuais interessantíssimos. Alguns temas – e até a escolha de alguns filmes – podem não agradar, mas lembre-se: hoje quem está em jogo é o visual, não a história.
A Árvore da Vida (The Tree of Life, 2011, Terrence Malick)
Quando assistido pela primeira vez, The Tree of Life é um filme mais para ser enxergado que assistido, propriamente dizendo. Apesar de um tanto intangível em relação aos seus significados, é um filme de direção riquíssima.
Fotograficamente, é composto por visuais digitais e reais impressionantes. A luz de cenários internos é quase sempre proveniente de “janelas” muito próximas aos atores; em externas, luz natural e possíveis rebatedores complementam a linguagem visual dos personagens com uma aura, presente principalmente na figura da mãe.
Vários momentos utilizam o ponto de perspectiva para compor um plano. No filme, cada figura do elenco principal aparece, ao menos uma vez, de costas, andando em direção ao horizonte.
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A invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011, Martin Scorsese)
Este foi um dos filmes de destaque no Oscar de 2012. Das onze categorias indicadas, incluindo melhor filme e fotografia, venceu cinco. Baseado no livro de Brian Selznick, o filme narra a aventura de Hugo, um menino que vive na estação de Paris e tenta descobrir o significado dos desenhos feitos pelo autômato deixado por seu pai.
O grande triunfo da fotografia foi a utilização de duas temperaturas de cor: cores frias para o background e quentes para a luz principal. Aliadas à luz de recorte, que destaca os personagens em cena, a fotografia dialoga com a direção de arte e dá ao filme um visual extraordinário e mágico.
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Sin City (2005, Robert Rodriguez, Frank Miller)
Sin City recria o universo das histórias em quadrinho de mesmo nome e estilo, narrando vinhetas independentes, curta-metragem atrás de curta-metragem.
O propósito visual do filme é manter-se fiel às ilustrações das HQ, nas quais os personagens são desenhados e coloridos apenas em preto e branco puros, sem variações tonais - às vezes, alguma cor é destacada dentro do preto e branco. Na fotografia, utilizaram-se apenas luzes duras, posicionadas quase sempre atrás dos atores, que resultam em sombras marcadas e texturas bastante realçadas. O filme foi um dos primeiros a ser filmado inteiro em chroma-key, fato que permitiu que os cenários digitais fossem inseridos com precisão.
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O Anticristo (Antichrist, 2009, Lars Von Trier)
Dois pais vivenciam o drama da morte de um filho ao se renderem ao orgasmo da carne. Na tentativa de curar a dor, refugiam-se numa floresta. Ele, psiquiatra; ela, depressiva. Antichrist é um terror interno, um drama psicológico repleto de elementos e narrativas implícitas.
Visualmente, o filme é cru; cru no sentido de não ser uma superprodução. Filmado com a câmera-na-mão (um dos princípios básicos do Dogma 95, movimento cinematográfico fundado por Lars Von Trier), nada impede que o consideremos uma aula de composição, cujos elementos são disponibilizados de acordo com sua importância para a narrativa da cena. O filme tende à falta de contraste, ao monocromático e à escuridão. As locações sempre estão nubladas, o que, além de colaborar para a impressão de sofrimento, resulta numa luz bastante difusa.
O Clã das Adagas Voadoras (Shí miàn mái fú, 2004, Zhang Yimou)
No meio da decadência de uma dinastia, onde o governo se mostra incapaz de lutar contra os rebeldes, dois soldados são convocados para combater, infiltrados, um grupo revolucionário. Conhecem, então, a guerreira cega Mei, que desperta a paixão em ambos.O espetáculo visual de O Clã das Adagas Voadoras é mais resultado de uma incrível direção de arte do que da fotografia propriamente dita. Na verdade, é uma conversa perfeita das duas. O filme tem sequências “dançadas” que parecem ser um estudo minucioso de equilíbrio de composição e harmonia de cores.
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Postado por Henrique Resende para o site Fotografe uma ideia